5 histórias para a hora de dormir
O vento e o sol
(Esopo)
O
vento e o sol estavam disputando qual dos dois era o mais forte.
De
repente, viram um viajante que vinha caminhando.
-
Sei como decidir nosso caso. Aquele que conseguir fazer o viajante
tirar o casaco, será o mais forte. Você começa!- propôs o sol,
retirando-se para trás de uma nuvem.
O
vento começou a soprar com toda a força. Quanto mais soprava, mais
o homem ajustava o casaco ao corpo. Desesperado, então o vento
retirou-se.
O
sol saiu de seu esconderijo e brilhou com todo o esplendor sobre o
homem, que logo sentiu calor e despiu o paletó.
O
amor constrói, a violência arruína.
Ali Babá e os Quarenta Ladrões
(M. M.)
Era uma vez um jovem chamado Ali Babá. Ele viajava pelo reino da Pérsia levando e trazendo notícias para o rei.
Numa das viagens, enquanto descansava,ouviu vozes. Subiu numa árvore e viu quarenta ladrões diante de uma enorme pedra. Um deles adiantou-se e gritou: ''Abre-te Sésamo!''
A enorme pedra se moveu, mostrando a entrada de uma caverna, os ladrões entraram e a pedra fechou-se.
Quando os ladrões saíram, Ali Babá resolveu experimentar e gritou para a pedra: ''Abre-te Sésamo!''
A enorme pedra se abriu e Ali Babá entrou na caverna. Viu um imenso tesouro e carregou o que pôde no seu cavalo e partiu direto em direção ao palácio para pedir a filha do sultão, por quem estava apaixonado há muito tempo, em casamento. Quando o sultão viu o dote,aceitou imediatamente.
Ali Babá ficou muito feliz e resolveu contar para todos que ia se casar. Mas para isso precisava comprar um palácio para a sua princesa. Voltou à pedra e falou: ''Abre-te Sésamo!''
Um dos ladrões estava escondido e viu Ali Babá sair da caverna carregando o tesouro. O ladrão foi contar aos outros o que viu e decidiram pegá-lo. Com as jóias, Ali Babá comprou um palácio para sua amada e avisou a todos que daria uma festa no dia do seu casamento.
Os ladrões, sabendo da festa, enfiaram-se em tonéis de vinho vazios para atacar Ali Babá à meia-noite, quando estivesse dormindo. A festa foi tão alegre que o vinho acabou. Ali Babá então, foi à adega verificar se havia mais e, sem querer, escutou um susurro: ''Já deu meia-noite?'' perguntou um dos ladrões.
''Já, mas esperem a festa acabar! Aí vamos pegar aquele que está usando o nosso tesouro.''
Voltando à festa, Ali Babá disse: ''O vinho estragou e preciso de ajuda para levá-lo daqui.''
Alguns guardas ajudaram a levar os tonéis até um despenhadeiro. ''Vamos jogá-los lá em baixo'', disse Ali Babá.
Ao perceber que seriam jogados, os quarenta ladrões estregaram-se aos guardas. Com os ladrões presos, Ali Babá ficou com o tesouro. E a princesa e ele viveram felizes para sempre com a fortuna encontrada.
No circo
(Ana Luiza Coutro)
Domingo
no circo! Não há nada mais divertido.
Quando
eu era criança, lembro que desde cedo eu já ficava esperando, o
almoço parecia não chegar nunca! Depois vinha a sexta, e lá pela
três da tarde meu pai se levantava e dizia:
-
Bom, bom, será que alguém quer dar um passeio?
Era
o sinal. Eu e minha irmã corríamos para tomar banho, minha mãe nos
vestia com as melhores roupas e lá íamos nós, contentes da
vida!
O
meu número preferido era o dos trapezistas.
Eles
voavam de um lado para o outro, parecendo pássaros, e o público
todo ficava olhando aqui de baixo, de boca aberta.
Quando
o espetáculo terminava, ainda tinha a pipoca a caminho de
casa.Chegávamos cansados, mas felizes. E, de noite, eu sonhava em
voar naquele céu de lona.
As Fadas
(Charles Perrault)
Era
uma vez uma viúva que tinha duas filhas.
A mais velha se
parecia tanto com ela, no humor e de rosto, que quem a via, enxergava
a própria mãe. Mãe e filha eram tão desagradáveis e orgulhosas
que ninguém as suportava.
A filha mais nova, que era o retrato
do pai, pela doçura e pela educação, era, ainda por cima, a mais
linda moça que já se viu.
Como queremos bem, naturalmente, a
quem se parece conosco, essa mãe era louca pela filha mais velha. E
tinha, ao mesmo tempo, uma tremenda antipatia pela mais nova, que
comia na cozinha e trabalhava sem parar como se fosse uma
criada.
Tinha a pobrezinha, entre outras coisas, de ir, duas
vezes por dia, buscar água a meia légua de casa, com uma enorme
moringa, que voltava cheia e pesada.
Um dia, nessa fonte, lhe
apareceu uma pobre velhinha, pedindo água:
- Pois não, boa
senhora - disse a linda moça.
E, enxaguando a moringa, tirou
água da mais bela parte da fonte, dando-lhe de beber com as próprias
mãos, para auxiliá-la.
A boa velhinha bebeu e disse:
-
Você é tão bonita, tão boa, tão educada, que não posso deixar
de lhe dar um dom .Na verdade, essa mulher era uma fada, que tinha
tomado a forma de uma pobre camponesa para ver até onde ia a
educação daquela jovem.
- A cada palavra que falar - continuou
a fada -, de sua boca sairão uma flor ou uma pedra preciosa.
Quando
a linda moça chegou a casa, a mãe reclamou da demora.
-
Peço-lhe perdão, minha mãe - disse a pobrezinha -, por ter
demorado tanto.
E, dizendo essas palavras, saíram-lhe da boca
duas rosas, duas pérolas e dois enormes diamantes.
-
O que é isso? - disse a mãe espantada -, acho que estou vendo
pérolas e diamantes saindo da sua boca. De onde é que vem isso,
filha? Era a primeira vez que a chamava de filha.
A
pobre menina contou-lhe honestamente tudo o que tinha acontecido, não
sem pôr para fora uma infinidade de diamantes.
-
Nossa! - disse a mãe -, tenho de mandar minha filha até a fonte.
-
Filha, venha cá, venha ver o que está saindo da boca de sua irmã
quando ela fala; quer ter o mesmo dom? Pois basta ir à fonte, e,
quando uma pobre mulher lhe pedir água, atenda-a educadamente.
-
Só me faltava essa! - respondeu a mal-educada- Ter de ir até a
fonte!
-
Estou mandando que você vá - retrucou a mãe -, e já.
Ela
foi, mas reclamando. Levou o mais bonito jarro de prata da casa.
Mal
chegou à fonte, viu sair do bosque uma dama magnificamente vestida,
que veio lhe pedir água.
Era
a mesma fada que tinha aparecido para a irmã, mas que surgia agora
disfarçada de princesa, para ver até onde ia a educação daquela
moça.
-
Será que foi para lhe dar de beber que eu vim aqui? - disse a
grosseira e orgulhosa. - Se foi, tenho até um jarro de prata para a
madame! Tome, beba no jarro, se quiser.
-
Você é muito mal-educada - disse a fada, sem ficar brava.
-
Pois muito bem! Já que é tão pouco cortês, seu dom será o de
soltar pela boca, a cada palavra que disser, uma cobra ou um
sapo.
Quando
a mãe a viu chegar, logo lhe disse:
-
E então, filha?
-
Então, mãe! - respondeu a mal-educada, soltando pela boca duas
cobras e dois sapos.
-
Meu Deus! - gritou a mãe -, o que é isso? A culpa é da sua irmã,
ela me paga. E imediatamente ela foi atrás da mais nova para
espancá-la.
A
pobrezinha fugiu e foi se esconder na floresta mais próxima.
O
filho do rei, que estava voltando da caça, encontrou-a e, vendo como
era linda, perguntou-lhe o que fazia ali tão sozinha e por que
estava chorando.
-
Ai de mim, senhor, foi minha mãe que me expulsou de casa.
O
filho do rei, vendo sair de sua boca cinco ou seis pérolas e outros
tantos diamantes, pediu-lhe que lhe dissesse de onde vinha
aquilo.
Ela
lhe contou toda a sua aventura. O filho do rei apaixonou-se por ela
e, considerando que tal dom valia mais do que qualquer dote, levou-a
ao palácio do rei, seu pai, onde se casou com ela.
Quanto
à irmã, a mãe ficou tão irada contra ela que a expulsou de
casa.
E
a infeliz, depois de muito andar sem encontrar ninguém que a
abrigasse, acabou morrendo num canto do bosque.
Moral
da História
Se
diamantes e dinheiro têm
Para
as pessoas valor,
Mais
valor têm as palavras
E,
mais que valor, resplendor.
O Príncipe Sapo
Há
muito tempo, quando os desejos funcionavam, vivia um rei que tinha
filhas muito belas. A mais jovem era tão linda que o sol, que já
viu muito, ficava atônito sempre que iluminava seu rosto.
Perto
do castelo do rei havia um bosque grande e escuro no qual havia um
lagoa sob uma velha árvore.
Quando o dia era quente, a
princesinha ia ao bosque e se sentava junto à fonte. Quando se
aborrecia, pegava sua bola de ouro, a jogava alto e recolhia. Essa
bola era seu brinquedo favorito. Porém aconteceu que uma das vezes
que a princesa jogou a bola, esta não caiu em sua mão, mas sim no
solo, rodando e caindo direto na água.
A princesa viu como ia
desaparecendo na lagoa, que era profunda, tanto que não se via o
fundo. Então começou a chorar, mais e mais forte, e não se
consolava e tanto se lamenta, que alguém lhe diz:
- Que te
aflige princesa? Choras tanto que até as pedras sentiriam pena.
Olhou o lugar de onde vinha a voz e viu um sapo colocando sua enorme
e feia cabeça fora da água.
- Ah, és tu, sapo - disse - Estou
chorando por minha bola de ouro que caiu na lagoa.
- Calma, não
chores -, disse o sapo; Posso ajudar-te, porém, que me darás se te
devolver a bola?
- O que quiseres, querido sapo - disse ela, -
Minhas roupas, minhas pérolas, minhas jóias, a coroa de ouro que
levo.
O sapo disse:
- Não me interessam tuas roupas, tuas
pérolas nem tuas jóias, nem a coroa. Porém me prometes deixar-me
ser teu companheiro e brincar contigo, sentar a teu lado na mesa,
comer em teu pratinho de ouro, beber de teu copinho e dormir em tua
cama; se me prometes isto eu descerei e trarei tua bola de ouro".
-
Oh, sim- disse ela - Te prometo tudo o que quiseres, porém devolve
minha bola; mas pensou- Fala como um tolo. Tudo o que faz é
sentar-se na água com outros sapos e coachar. Não pode ser
companheiro de um ser humano.
O sapo, uma vez recebida a
promessa, meteu a cabeça na água e mergulhou. Pouco depois voltou
nadando com a boa na boa, e a lançou na grama. A princesinha estava
encantada de ver seu precioso brinquedo outra vez, colheu-a e saiu
correndo com ela.
- Espera, espera - disse o sapo; Leva-me. Não
posso correr tanto como tu - Mas de nada serviu coachar atrás dela
tão forte quanto pôde. Ela não o escutou e correu para casa,
esquecendo o pobre sapo, que se viu obrigado a voltar à lagoa outra
vez.
No dia seguinte, quando ela sentou à mesa com o rei e toda
a corte, estava comendo em seu pratinho de ouro e algo veio
arrastando-se, splash, splish splash pela escada de mármore. Quando
chegou ao alto, chamou à porta e gritou:
- Princesa, jovem
princesa, abre a porta.
Ela correu para ver quem estava lá
fora. Quando abriu a porta, o sapo sentou-se diante dela e a princesa
bateu a porta. Com pressa, tornou a sentar, mas estava muito
assustada. O rei se deu conta de que seu coração batia
violentamente e disse:
- Minha filha, por que estás assustada?
Há um gigante aí fora que te quer levar?
- Ah não, respondeu
ela - não é um gigante, senão um sapo.
- O que quer o sapo de
ti?
- Ah querido pai, estava jogando no bosque, junto à lagoa, quando minha bola de ouro caiu na água. Como gritei muito, o sapo a devolveu, e porque insistiu muito, prometi-lhe que seria meu companheiro, porém nunca pensei que seria capaz de sair da água.
Entretanto
o sapo chamou à porta outra vez e gritou:
-
Princesa, jovem princesa, abre a porta. Não lembras que me disseste
na lagoa?
Então
o rei disse:
-
Aquilo que prometeste, deves cumprir. Deixa-o entrar.
Ela
abriu a porta, o sapo saltou e a seguiu até sua cadeira. Sentou-se e
gritou: - Sobe-me contigo.
Ela
o ignorou até que o rei lhe ordenou. Uma vez que o sapo estava na
cadeira, quis sentar na mesa. Quando subiu, disse:
-
Aproxima teu pratinho de ouro porque devemos comer juntos.
Ela
o vez, porém se via que não de boa vontade. O sapo aproveitou para
comer, porém ela enjoava a cada bocado. Em seguida disse o sapo:
-
Comi e estou satisfeito, mas estou cansado. Leva-me ao quarto,
prepara tua caminha de seda e nós dois vamos dormir.
A
princesa começou a chorar porque não gostava da idéia de que o
sapo ia dormir na sua preciosa e limpa caminha. Porém o rei se
aborreceu e disse:
-
Não devias desprezar àquele que te ajudou quando tinhas
problemas.
Assim,
ela pegou o sapo com dois dedos, e a levou para cima e a deixou num
canto. Porém, quando estava na cama o sapo se arrastou até ela e
disse:
-
Estou cansado, eu também quero dormir, sobe-me senão conto a teu
pai.
A
princesa ficou então muito aborrecida. Pegou o sapo e o jogou contra
a parede.
-
Cale-se, bicho odioso; disse ela.
Porém,
quando caiu ao chão não era um sapo, e sim um príncipe com
preciosos olhos. Por desejo de seu pai ele era seu companheiro e
marido. Ele contou como havia sido encantado por uma bruxa malvada e
que ninguém poderia livrá-lo do feitiço exceto ela. Também disse
que no dia seguinte iriam todos juntos ao seu reino.
Se
foram dormir e na manhã seguinte, quando o sol os despertou, chegou
uma carruagem puxada por 8 cavalos brancos com plumas de avestruz na
cabeça. Estavam enfeitados com correntes de ouro. Atrás estava o
jovem escudeiro do rei, Enrique. Enrique havia sido tão desgraçado
quando seu senhor foi convertido em sapo que colocou três faixas de
ferro rodeando seu coração, para se acaso estalasse de pesar e
tristeza.
A
carruagem ia levar ao jovem rei a seu reino. Enrique os ajudou a
entrar e subiu atrás de novo, cheio de alegria pela libertação, e
quando já chegavam a fazer uma parte do caminho, o filho do rei
escutou um ruído atrás de si como se algo tivesse quebrado. Assim,
deu a volta e gritou:
-
Enrique, o carro está se rompendo.
-
Não amo, não é o carro. É uma faixa de meu coração, a coloquei
por causa da minha grande dor quando eras sapo e prisioneiro do
feitiço.
Duas
vezes mais, enquanto estavam no caminho, algo fez ruído e cada vez o
filho do rei pensou que o carro estava rompendo, porém eram apenas
as faixas que estavam se desprendendo do coração de Enrique porque
seu senhor estava livre e era feliz.
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